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Courage, Dear Heart

Por Elisa Calvete.

Quantos de nós já tivemos um sonho ruim? Creio que todos, certo? E não sou a única a testemunhar que, em mais de uma vez, nos damos conta de que o que estamos vivendo é um sonho e desejamos que consigamos acordar e estejamos novamente envoltos em nossa realidade. Acordados, sentimos um alívio ao ver que tudo aquilo não passou de um sonho, algo criado e vivido em nossa mente.

Durante este isolamento social, em que nossa rotina mudou, percebi que após meu expediente de Home Office, eu teria livre um tempo para algo que há muito eu ansiava: um momento de leitura. Estava há muito tempo longe dos meus livros devido à correria diária. Resolvi começar com um dos meus livros de ficcção preferido: As crônicas de Nárnia, do autor C.S Lewis.

Em poucos dias, cheguei à crônica "A viagem do Peregrino da Alvorada" (leiam o livro, não se deixem levar pelo filme) em que o Rei Caspian juntamente com Lúcia, Eustáquio e Edmundo percorrem o mar desconhecido com a finalidade de encontrar os fidalgos amigos do antigo Rei Caspian IX (pai do Caspian atual), os quais partiram em uma viagem sem volta por ordem do antigo rei usurpador, Miraz.

Para ser sincera, creio que de todas as outras crônicas, essa era uma das que menos me chamava a atenção. Até semana passada.

Já li esse livro, pelo menos, umas seis vezes. E sempre há algo que Lewis descreve que salta aos meus olhos e que, anteriormente, eu não percebi. Dessa vez, o Peregrino da Alvorada entra em um local sem luz alguma. É uma terra em que os sonhos se tornam realidade. Mas não nossos anseios e desejos. São os sonhos os quais visitamos todas as noites. E creio que nos lembramos de pelo menos um que nos fez temer. Foi isso que aconteceu com a tripulação do navio que foi entrando em desespero e a perder totalmente a esperança, dizendo que nunca mais sairiam daquele lugar porque, por mais que remassem, não havia luz à frente. No entanto, Lúcia (a mesma Lúcia que foi a primeira criança a chegar em Nárnia pelo guarda roupa da sala vazia) faz uma oração a Aslam (que é a representação de Deus/Jesus nos livros): "Aslam, Aslam, se é verdade que uma vez nos amou, ajude-nos agora" e, mesmo que a escuridão não tivesse diminuído, a personagem sente-se melhor.


O que acontece em seguida é bem interessante:

. "Lúcia viu alguma coisa no facho de luz. Primeiro parecia uma cruz, depois um avião, depois um papagaio e, finalmente, quando passou sobre suas cabeças, ruflando as asas, viram que era um albatroz. Deu três voltas em torno do mastro e depois pousou um instante no dragão dourado da proa. (...) ao revolutear em torno do mastro o albatroz murmurara “Coragem, querida!”. Era a voz de Aslam, e o seu hálito suave roçou-lhe a face."


No original, as palavras são "Courage, Dear Heart" e, apenas Lúcia, compreendeu o que o Albatroz disse. Da mesma maneira, compreendi o que Deus me dizia naquele momento, usando aquelas palavras que foram escritas décadas atrás.

Após esse momento em que o navio passou a seguir o pássaro, adiante apareceu a luz, como em um final de um túnel, e o navio conseguiu escapar daquele lugar de escuridão.

Quando ouvimos falar do coronavírus pela primeira vez, muitos de nós torcemos para que aquilo fosse um sonho ruim, um pesadelo em que precisássemos acordar. Porém, faz parte do nosso mundo real. O medo adentrou em muitos corações. Colocamos nossas esperanças em médicos, pesquisadores, profissionais da saúde, cientistas e governos. Muitos de nós, incluindo a mim, até mesmo ficaram bravos com Deus. Mas ao ler essa passagem, o Espírito Santo me fez entender que Deus não perde o controle de nossas vidas. De que há um propósito para tudo. Que devemos ter coragem e confiar.


Nosso Aslam, seja em forma de leão, de cordeiro, de albatroz ou humano já está trabalhando. É Ele o guia para o fim da escuridão. Não sei quanto tempo ainda durará. Não sei por quantos dias os jornais contarão um crescente número de casos e óbitos. Eu gostaria de ter essas respostas. Mas não as tenho. A única coisa que Deus me pede agora é: Coragem, querida. Courage, dear heart.


Ele está conosco. Oremos para que, da mesma maneira que aquele Albatroz foi o guia para o navio sair da escuridão, Jesus seja o guia para tantos profissionais de saúde, tantos cientistas, tantos governos.

E, antes de confiarmos em homens, depositemos nossa confiança em Deus.


Tenham coragem, queridos.


Que a graça de nosso Paizinho esteja conosco. E, lembrem-se, de que mesmo que não estejamos entendendo, precisamos confiar Nele.


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